AI
Quando a inteligência vira commodity, o que faz diferença é o que você decide fazer com ela. Esse artigo introduz a ideia de Returns on Agency: a capacidade de ação que cresce quando usamos ferramentas de alto impacto, e o autor defende que a IA marca um novo ponto de inflexão, como foram Gutenberg e o Google.
O destaque vai para a posição de vantagem da OpenAI: ChatGPT virou um “Schelling point”, combinando modelo forte, produto bem resolvido e uma marca com propósito claro. Enquanto outros players patinam, a OpenAI avança rápido, alimentada por dados de uso em escala global e um feedback loop que melhora a experiência continuamente.
Gostei muito dessa provocação:
"ChatGPT might already know more about most of what its users care about than Google, because chatting about a topic often means revealing more bits of information than searching for it and clicking on a link."
Se conversar com uma IA nos faz revelar mais de nós mesmos (intenções, dilemas, vulnerabilidades), o que acontece quando alguém decide usar essa proximidade como arma?
É o que mostra esse outro artigo, que parece um aviso do que pode dar errado: pesquisadores infiltraram bots de IA no Reddit para testar se conseguiam mudar opiniões em debates sensíveis. E isso resultou em uma amostra crua de como empatia pode ser fabricada e usada como técnica de persuasão.
O Google começou a testar anúncios dentro de conversas com chatbots, por meio de sua rede AdSense. Se a conversa é tão rica, cheia de contexto e intenção, por que não transformar esse canal em espaço publicitário?
Intimidade, afinal, virou ativo estratégico.
E a Meta recentemente falou no call de resultados do Q1 que também estão testando ads:
"Over time I expect that the business opportunity for Meta AI to follow our normal product development playbook. First we build and scale the product. And then once it is at scale then we focus on revenue. In this case I think that there will be a large opportunity to show product recommendations or ads..."
Como dizem nos círculos de tech: everything is an Ad Network.
Esse ensaio é um soco existencial disfarçado de meditação sobre IA. O autor parte de uma pergunta simples: como é possível que isso funcione? E mergulha numa reflexão poderosa sobre a nossa capacidade de normalizar o absurdo. Talvez o mais impressionante não seja termos criado o iPhone, mas o fato de conseguirmos não enlouquecer diante dele.
A indiferença, aqui, vira potência: aceitamos, integramos, seguimos. A bicicleta vira o corpo. O iPhone vira banalidade. O ChatGPT vira ferramenta. Mas há coisas, diz ele, que não se deixam domesticar, o sofrimento, o sagrado, a experiência humana crua.
"Perhaps the greatest faculty we developed in this gestation was not civilisation, but dispassion to its fruits: to be awed is human, to be indifferent divine. The more I think about this indifference the more remarkable it seems to me. The capacity to be apathetic to an iPhone is a far greater feat than to actually make the iPhone; it is a small miracle that people don’t instantly collapse into psychosis when they see one."
Ben Thompson nos mostra um Zuckerberg mais cético com o mercado, mas ainda obcecado com o futuro. Ele fala sobre a nova Llama API, o app da Meta AI e os quatro caminhos para a IA dentro da empresa (ads, conteúdo, business messaging e experiências nativas), mas o que realmente transparece é a convicção de que vale mais construir a infraestrutura do que extrair lucro imediato.
Ele não quer virar uma nuvem, nem precisa que todo mundo use a Llama; só quer garantir que exista uma opção aberta e funcional. E entre frustrações com o passado e planos ambiciosos com óculos e agentes personalizados, o que aparece é um fundador que ainda prefere errar apostando alto do que acertar fazendo o óbvio.
Crypto
“One of the best things about Bitcoin is how beautifully simple the protocol is.”
É nessa beleza, a de um sistema que qualquer programador curioso consegue entender do zero, que Vitalik propõe mirar o futuro do Ethereum. Em vez de empilhar patches e alimentar a complexidade crescente da rede, ele defende uma virada estratégica: simplificar.
Ao longo dos anos, o Ethereum ficou caro de manter, difícil de auditar e com partes demais se movendo ao mesmo tempo. Vitalik argumenta que uma base simples é o que garante resiliência e segurança. Por isso, propõe mudanças profundas: um novo modelo de consenso, uma máquina virtual minimalista (como o RISC-V) e mais componentes compartilhados entre as camadas do protocolo. O objetivo? Fazer do Ethereum algo tão confiável e elegante quanto o Bitcoin, mas sem abrir mão da sua expressividade.
O documentário sobre ele mostra bem como as tecnologias raramente permanecem fiéis à visão original de seus criadores.
Huawei
Esse perfil da Huawei, inspirado no livro "House of Huawei" da Eva Dou, mostra como a empresa virou muito mais do que uma fabricante de celulares ou antenas 5G, ela virou praticamente um braço da política industrial chinesa. O texto acompanha desde os primórdios da empresa, passando por espionagem industrial, guerras comerciais e nacionalismo corporativo, até chegar na fase atual, em que a Huawei virou símbolo da tentativa chinesa de driblar as sanções americanas e construir tudo in-house: chips, sistemas operacionais e infraestrutura.
O mais curioso é que a estratégia dos EUA pode ter dado um efeito reverso. Ao tentar frear a empresa, acabou acelerando a autossuficiência da China em tecnologia. A imagem da Hydra, do título, pega bem: cortaram uma cabeça, nasceram outras. É uma leitura boa pra entender como geopolítica, inovação e ambição se misturam num jogo de longo prazo.
No X…
A tecnologia tá entrando na era dos maestros: quem sabe dar a direção certa vale mais do que quem executa. Com a IA amplificando tudo, instruções mal pensadas viram erros em escala. Então, clareza de pensamento virou habilidade essencial.
Muita gente acha que o WhatsApp foi um golaço da Meta, mas os números contam outra história: além dos US$ 19 bi pagos na época, o app acumulou cerca de US$ 10 bi em prejuízo até 2021, segundo documentos da FTC. Pode ser que o jogo mude com IA generativa, mas por enquanto tá longe de ser uma barganha.
Atletas e entusiastas de esporte estão microdosando remédios para emagrecimento como forma de ganhar vantagem de performance. Ainda é cedo pra cravar que o GLP-1 virou suplemento, mas a linha entre otimização de saúde e doping de luxo nunca foi tão tênue.
Interesting reflection on how "ChatGPT might already know more about what matters to its users than Google", do you have the reference?
This makes me think about the positive potential of these tools when used to enhance user experience genuinely. The real challenge is finding that balance between personalization and trust.
Hey Florian! Thanks for the link, and thanks for reading, I appreciate it 💚 🥃