AI
Essa edição já começa bold, com um artigo que propõe um deslocamento interessante: olhar para a IA não só como tecnologia, mas como forma. Parece abstrato, mas faz bastante sentido. Dentro de um celular, a IA carrega junto o mundo da distração com notificações, feed e ansiedade... Mesmo quando usada com outra intenção, ela ainda está presa a esse contexto porque o aparelho molda sua experiência.
É por isso que a ideia de um novo dispositivo dedicado à IA, desenhado por Jony Ive e Sam Altman, pode representar mais do que inovação: pode ser um convite à presença.
Com referências que vão de Heidegger à lei judaica, o texto defende que os objetos não são neutros. Eles organizam o tempo, o gesto, o tipo de escuta. Um rádio reúne. Um altar convoca. Um smartphone dispersa. E se a IA for moldada como uma ferramenta de atenção, não de aceleração, talvez ela nos ajude a recuperar algo que estamos perdendo.
A OpenAI tá mandando bem no mercado corporativo, mas o que pode realmente colocá-la no nível das gigantes é o consumidor final. E pra isso, não dá pra viver só de assinatura. A nova aposta? Anúncios.
O ChatGPT já é praticamente o Kleenex da IA, e a chegada da Fidji Simo (ex-Instacart, ex-Facebook) deixa claro que eles tão levando a sério esse papo de ads. Tudo isso no meio de uma disputa pesada com Google, Meta, xAI e Amazon. O desafio agora é escalar, reter usuários e fazer isso sem perder a confiança.
E se alguém ainda duvida da demanda, esse gráfico ajuda a ajustar a lente: segundo o Ramp AI Index, mais de 40% das empresas nos EUA já pagam por ferramentas de IA. É mais do que o quádruplo da estimativa oficial do governo. Ou seja, o mercado já abriu o bolso; falta agora consolidar o hábito, garantir retenção e escalar para os consumidores casuais.
Subscription tem suas vantagens, mas não escala tão rápido. Ads pagam a conta e mantêm o produto acessível. Se a OpenAI conseguir equilibrar os dois, não só garante o lugar dela no pódio como faz a alegria da Nvidia, porque mais uso significa mais modelo, mais GPU, mais tudo.
Novos lançamentos focado em desenvolvimento/produção de código
OpenAI
Ao que parece, agora você pode delegar tarefas de código pra uma IA e ela vai trabalhar em paralelo, dentro de um ambiente isolado, rodando testes e propondo PRs como se fosse um engenheiro da sua equipe. É o Codex, novo agente da OpenAI, e ele não tá aqui pra sugerir linha por linha. Ele executa.
Funciona direto do ChatGPT (pra usuários Pro, Team e Enterprise, por enquanto) e opera em containers seguros, pré-carregados com seu repo. Você pode pedir pra refatorar, debugar, escrever testes ou até responder perguntas sobre a base de código. No fim, o Codex entrega as mudanças com logs e evidências e você decide se aprova, itera ou integra.
Por trás de tudo, tá o codex-1, uma versão do modelo o3 ajustada pra engenharia de software. O foco é alinhar com o jeito que devs reais escrevem, comentam e organizam código. A OpenAI já tá usando internamente, empresas como Cisco e Superhuman também.
Google
Google tá testando outro nível de agente com o AlphaEvolve: um sistema que gera e evolui algoritmos inteiros, combinando LLMs com avaliadores automáticos. Ele propõe soluções, testa, seleciona as melhores e repete o processo. Já foi usado pra otimizar agendamento em datacenters, ajustar circuitos de chip e reduzir tempo de treino nos próprios modelos da casa.
Diferente do Codex, que executa tarefas específicas, o AlphaEvolve atua num nível mais abstrato. Ele explora espaços de solução que exigem criatividade e paciência, como multiplicação de matrizes e problemas matemáticos abertos. Em alguns casos, chegou a melhorar resultados que eram considerados limite no campo. Ainda é early, mas aponta pra um uso de IA menos operacional e mais inventivo.
E AI indo para...
Carros
O carro virou o novo espaço onde a IA quer morar. Google tá levando o Gemini pro Android Auto e pros carros com Google embutido, ainda este ano. A proposta é transformar o tempo no trânsito em algo mais útil ou, no mínimo, menos burro.
O que vem aí: comandos em linguagem natural (“avisa o Joe em espanhol”, “encontra um taco no caminho”), com acesso direto ao seu Gmail, Maps, Spotify e calendário. E uma nova experiência chamada Gemini Live, que permite conversas contínuas no estilo “vamos falar sobre essa reunião com meu chefe”. A integração vai chegar primeiro em modelos como o Lincoln Nautilus, Renault R5 e o novo Honda Passport (sinal de que a disputa pela cabine já tá em modo beta).
E celebridades mortas
Agatha Christie agora “ensina” um curso de escrita online. A aula faz parte da BBC Maestro, uma plataforma no estilo MasterClass, e usa um avatar criado com inteligência artificial por cima da atuação de uma atriz. A voz, a entonação e os gestos são todos reconstruídos digitalmente, mas o texto é baseado em falas e arquivos reais da autora, organizados por um time de acadêmicos. A família aprovou o projeto e exigiu que cada frase fosse de autoria comprovada.
Ainda assim... Christie nunca deu esse curso, nunca escolheu esse formato, nunca validou essa encenação. E por mais que o conteúdo não seja inventado, a performance é. O caso acende um sinal sobre a zona cinzenta entre citação e simulação, e o quanto estamos dispostos a fingir que isso não importa.
Gerações…
Tem estudante mandando 250 currículos e recebendo um silêncio absoluto de volta. Gente que tenta entrar num clube universitário sobre mudanças climáticas e ouve que não tem “experiência suficiente com ameaças existenciais”. Que chega numa faculdade de elite achando que o mais difícil já passou e descobre que o funil só ficou mais estreito.
Esse texto do NYT fala dessa lógica de exclusão que virou pano de fundo pra quem cresceu dentro do jogo do mérito. Um jogo onde tudo é disputa: estágio, amizade, validação. Mas a questão vai além das universidades famosas. É um retrato do que acontece quando a rejeição deixa de ser um risco pontual e vira o ambiente.
No X…
O Facebook manteve 0,5% dos usuários sem anúncios por 9 anos (e eles nem sabiam). No fim, esses usuários valorizam a plataforma praticamente igual aos que veem ads: US$ 32/mês.
Estudo com 53 mil pessoas em 13 países mostrou: ver anúncio ou não muda quase nada na percepção de valor. Diferença média entre os grupos foi de menos de US$ 1.
A Uber lançou corridas com carros autônomos da Waymo em Austin e, segundo o CEO Dara Khosrowshahi, deu tão certo que virou modelo. Ele chamou a Waymo de “líder disparada” e disse que a operação superou todas as metas, com alta adesão e satisfação dos clientes.
“É seguro. As pessoas adoram. E a segunda corrida tem ainda mais opt-ins que a primeira.” Além disso, a equipe da Waymo teria ensinado à Uber parte das melhores práticas de gestão de frota que aplicam em outras cidades.
Depois de ler que essa é a geração mais rejeitada da história (NYT), entra bem uma provocação do Morgan Housel: será que o futuro de hoje é mais incerto ou só parece assim porque ainda não foi resolvido?
Ele lembra da Crise dos Mísseis, quando ninguém sabia se o mundo ia acabar naquela semana. Mas como deu “certo”, a gente olha praquela geração como se tudo tivesse sido estável.
75% do tráfego em restaurantes nos EUA já é takeout. E o hábito só cresce: 60% dos Gen Z e Millennials estão pedindo mais comida pra viagem do que no ano passado. Conveniência, promoções e pedidos digitais estão moldando o novo normal da alimentação.
First article hits hard